Sunday, July 23, 2006

FM3 - BUDDHA MACHINE


E depois do iPod que mais se pode querer?

Pondo aqui de parte todos os radicalismos que advêm da cultura consumista, anti e pró, julga-se necessário abordar esta questão doutra forma que não económica. Acima de tudo a música, o processo criativo, como se apresenta, os meios de propagação e no final a fruição. Só um pequeno apontamento acerca do tema relativo aos direitos de autor, “copyright” e multas a aplicar em caso de downloads piratas: pode ser que com isto as atenções dos ouvintes se virem para o resto da cultura musical que não padece nem está dependente dos comerciantes. Está na hora de usar aquelas coisas chamadas de “net-labels” que disponibilizam de forma gratuita todo o seu catálogo a troco de uma modesta doação (facultativa).
Isto tudo para apresentar um objecto que no meio musical mais informado e de produções electrónicas já não é propriamente uma novidade. Já muito foi escrito acerca dele mas sempre com visões diferentes. A Buddha Machine é muito mais que um brinquedo. Daqueles que nos deixavam impacientes enquanto esperavamos a sua chegada – daqueles com que se brinca todos os dias e não se empresta a ninguém porque é demasiado precioso. Pois é muito mais do que isso. Se lhe retirarmos esse lado romântico esta peça pode bem ser uma evolução extraordinária na forma como se escuta música ou como esta pode ser comercializada.
Christiaan Virant e Zhang Jian, foram os seus criadores. Juntos formam os FM3 e esta máquina é o seu projecto mais recente tornando-se numa das edições mais requisitadas ou se quisermos tomar isto de outra forma, um dos “discos” mais requisitados dos últimos tempos.
Disponível em várias côres, este objecto, muito semelhante a um daqueles rádios usados pelos adeptos da bola para escutar o relato do outro jogo, contém nove loops que podem ser alternados através de um botão. A coisa funciona de forma tão simples que é impossivel rejeitar, mesmo pelo membro mais exigente da classe operária portuguesa.
Um botão para ligar/desligar servindo igualmente de volume – outro botão para mudar os loops - uma saída para headphones e uma opção para ligar à corrente eléctrica (desnecessária porque as pilhas fornecidas duram e duram). Porque tem a sua própria “coluna” de som, pode ser escutado em qualquer sítio. A primeira série, dirigida pela STAALPLAAT – responsável pelas riquíssimas edições “Mort aux Vaches”, sendo uma delas destes FM3 - limitava-se a quinhentas cópias porque a dupla de criadores achou suficiente. Até agora já foram construidas dez mil e o número continua a subir. E porquê? Talvez porque pode ser usada de tantas formas que só a falta de imaginação poderá impor limites. Por isso, ao adquirir oito, Brian Eno foi o primeiro cliente, Thomas Felhmann (The Orb), pediu uma dúzia, Alan Bishop vinte e quatro, a equipa da Ableton solicitou à volta de trinta. Robert Henke (Monolake), sugeriu uma remistura e como é obvio, esta oferta foi aceite. Para breve está igualmente prometida uma compilação na Staubgold em que vários artistas reinterpretam a Buddha Machine. Os nove loops que se escutam estão disponíveis para download no site FM3.
Made in Hong Kong, plástico mas saudável. O presente quase perfeito porque esta história não fica por aqui. O retrocesso do digital para o analógico ou um passo em frente para uma nova estrutura musical. O advento do re-invento.

www.fm3.com.cn

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